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segunda-feira, 23 de maio de 2011

CAIXA DE PANDORA



O Mito de Pandora

Zeus – o deus supremo da mitologia grega - é fruto de uma complicada teogonia que se assemelha à genealogia humana. Bravo e vingativo, o deus dos gregos casou-se inúmeras vezes gerando uma sucessão de outros menores: Apolo, Hebe, Hermes, as Musas, etc.
Diz-se do estranho chefe do Olimpo que havia ódio em seu coração e que tinha prazer em castigar os homens. E que certa vez, para vingar-se de certo humano de nome Prometeu que roubara uma faísca do sol para com ela iluminar a inteligência dos homens, o mal humorado superintendente celeste resolve castigá-los fazendo-os se perder para sempre por meio de uma mulher extremamente bela, detentora de todos os dons, Pandora, a primeira mulher!
Ela é criada e enviada a Epimeteu (o que vê depois), embora Prometeu (o previdente) houvesse aconselhado seu irmão a não aceitar nenhum presente de Zeus de quem desconfiava muito. Ela traz consigo do Olimpo um presente de núpcias para Epimeteu: uma arca de ouro hermeticamente fechada.
Segundo Hesíodo, o poeta camponês, Pandora teria aberto a caixa levada pela curiosidade ,de onde saem todas as desgraças e calamidades para os homens que viviam tranqüilos e felizes até então. Ao fechá-la,  rapidamente, conseguiu prender em seu interior a esperança que por séculos ficaria encerrada como uma promessa de retorno aos felizes e ditosos tempos da infância da espécie humana sobre a Terra.
A curiosa lenda traz consigo aspectos interessantes relacionados com outras lendas e crendices que fazem parte de outras culturas, e com muitos preconceitos que até hoje sobrexistem.
Sobre a curiosidade da primeira mulher, que muito tem a ver com a indiscrição, e que não é somente feminina, e suas conseqüências desastrosas , pode-se dizer que na história real do ser humano ela transformou-se num terrível defeito que tem causado muitas desgraças e calamidades; que conduz ao intrometimento, à indiscrição, à superficialidade, à vulgaridade, ao efêmero. Compreensível no homem pré-histórico e nas crianças, que de certa forma reproduzem a evolução da espécie desde os primeiros tempos, e também nos homens de ciência em suas investigações, é inaceitável para o homem de hoje quando o torna distante de si , atento a tudo quanto ocorre ao seu redor, mas alheio ao que ocorre com  sua pessoa.
O mito de Pandora pode nos levar a muitas conclusões:  desde a inutilidade de um deus vingativo até a necessidade  de se transcender estados inferiores de evolução; a necessidade de rever os preconceitos que existem relacionados com a mulher, cuja graça e beleza não poderiam nunca ser  invólucro do pecado e da desgraça especialmente encomendados por um Zeus duvidoso.
A esperança, providencialmente encerrada na caixa de Pandora, residiria na possibilidade da superação das condições humanas a partir da evolução pessoal de cada indivíduo que sentisse a necessidade de construir um mundo melhor para si e para a humanidade .

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Nagib Anderáos Neto
Publicado no Recanto das Letras em 01/09/2005
Código do texto: T46842

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