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terça-feira, 3 de maio de 2011

A Formação Humana na Educação Ateniense.


INTRODUÇÃO
Quando sondamos os primórdios da educação verificamos que certas culturas possuem um leque de influências sobre a contemporaneidade. Mas, uma delas,  em especial, se destaca: a cultura grega. Não seria incorreto afirmar que a riqueza do pensamento grego só se expandiu com consistência e longo alcance após surgimento do helenísmo, durante o imenso império de Alexandre Magno, onde diversas culturas se fundiram e se entrelaçaram sob um único governo. Entretanto, a pureza da erudição grega pode ser vista como o mais profundo elemento influente na estrutura humana global, isto é, a Grécia Antiga é a base do mundo atual e todo conhecimento que dela emana faz parte de nosso cotidiano.
Partindo da ideia descrita acima, vamos apresentar, nesta pesquisa, uma visão conceitual da influência educacional grega no ensino da atualidade. O sistema, as relações sociais, o contexto histórico serão abordados de maneira a definir a aprendizagem na Grécia Antiga.
Antes, porém, considerando a vastidão do conhecimento grego,  é necessário afunilar o assunto a ser apresentado. Na Antiguidade grega, duas cidades-estado possuíam destaque inquestionável perante as outras; eram elas Atenas e Esparta, ambas consideradas ''berços'' de instituições hoje primordiais na sociedade mundial. Esta última, é conhecida como uma cidade essencialmente militar, de potente educação física e ensino rígido, conciso, limitado e imutável. Já em Atenas, a educação era distinta, possuía enfoque em política, filosofia, retórica e dialética, sendo, portanto, genuinamente intelectual e incentivadora da criticidade e da evolução do cidadão. Dados tais aspectos, definimos Atenas como elemento da pesquisa elaborada a seguir, pois sua educação visa a completa formação humana, obviamente citada no título do trabalho.
Para estabelecer a base científica deste estudo, nos reportamos aos seguintes autores: ARANHA (2008), CHÂTEAU (1978), FARIA (1994), JAEGER (1966), KIERKEGAARD (1991).
CAPÍTULO I
1 Elementos da ''Paidéia''
Paidéia, segundo Jaeger (1966), era o "processo de educação em sua forma verdadeira, a forma natural e genuinamente humana" na Grécia Antiga. Inicialmente, a palavra paidéia (de paidos - criança) significava simplesmente "criação de meninos". Mas este significado inicial da palavra está muito longe do elevado sentido que mais tarde adquiriu. O termo também significa a própria cultura construída a partir da educação. Era o ideal que os gregos cultivavam do mundo, para si e para sua juventude. Uma vez que o governo próprio era muito valorizado pelos gregos, a Paidéia combinava ethos (hábitos) que o fizessem ser digno e bom tanto como governado quanto como governante. O objetivo não era ensinar ofícios, mas sim treinar a liberdade e nobreza. Paidéia também pode ser encarada como o legado deixado de uma geração para outra na sociedade.
1.1 Herança cultural grega
Somos herdeiros dos gregos e fiéis depositários do seu legado cultural; na sua atividade racional e nos seus ideais se encontram algumas das nossas raízes culturais mais profundas. Nossa cultura européia ocidental é o produto do cruzamento de algumas linhas de força essenciais, como: a inteligência grega, o direito romano e a religião cristã. Política, filosofia e retórica são elementos fundamentais entre os saberes da atualidade e são, de modo genuíno e original, criações dos pensadores gregos.
1.2 A política
A palavra tem origem nos tempos em que os gregos estavam organizados em cidades-estado, denominadas "polis", nome do qual se derivaram palavras como "politiké" (política em geral) e "politikós" (dos cidadãos, pertencente aos cidadãos), que estenderam-se ao latim "politicus" e chegaram às línguas européias modernas através do francês "politique" que, em 1265 já era definida nesse idioma como "ciência do governo dos Estados". O termo é derivado da palavra grega ???????? (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à polis, e à sociedade, comunidade, coletividade, bem como outras definições referentes à vida urbana.
1.3 A filosofia
O termo filosofia nasceu na língua grega,  ( philos - amor, admiração + sophia - sabedoria) , e significa ''aquele que ama a sabedoria'', e é definida como a vera investigação crítica e racional dos princípios fundamentais relacionados ao mundo e ao homem. Apesar de surgir como oposição à crença nos deuses e à religião, a filosofia, segundo Platão e Aristóteles, constituiu o mito como matéria-prima de sua reflexão, pois com o elemento mítico, ela se propunha a revelar que a pretensa separação entre esses dois modos do homem interpretar a realidade não é tão nítida como aparentemente se julga.
1.4 A retórica
A retórica é a técnica, ou a arte, de convencer o interlocutor através da oratória, ou outros meios de comunicação. Classicamente, o discurso no qual se aplica a retórica é verbal, mas há também ? e com muita relevância ? o discurso escrito e o discurso visual. Para os gregos, a retórica era a principal vertente do exercício da política, pois, com ela, o cidadão expunha suas teses relativas ao cotidiano da polis e emana seu poder de persuasão, por meio da eloquência; neste exato momento, na oratória, vê-se nitidamente os níveis sociais que  constituem a sociedade grega, pois quem embutisse no ouvinte sua linha de raciocínio mais convincente, teria mais prestígio e privilégios perante a comunidade.
1.5 A dialética
Dialética advém de um termo grego e, na  Grécia Antiga, era a arte do diálogo, da contraposição e contradição de ideias que leva a outras ideias. Segundo Platão, ela era o método mais eficaz de aproximação entre as ideias particulares e as ideias universais ou puras, sendo até considerada um sinônimo da filosofia. A dialética se baseava na ideia de que nenhum conceito é definitivo ou supremo, mas existem três estágios de discussão do conhecimento: tese, onde há a construção conceitual; a antítese, na qual se contrapõe a ideia inicial; e síntese, que une as duas concepções em uma só. Considerando que a síntese elaborada também é uma tese, o ciclo de debate sobre o assunto em questão, qualquer que seja, é infinito.
2 Contexto histórico
Analisando as práticas e os elementos que compõem a Paidéia, verificamos que a educação estava estabelecida sob um veú de interesse social por parte da minoria detentora do poder público. Portanto, se faz de grande importância o reconhecimento do momento histórico que permeava Atenas e influênciou o sistema educacional grego. 
2.1 O século de Péricles
 
Designa-se como século de Péricles o período histórico compreendido entre o cerco de Samos por parte dos atenienses (439 a. C.) e a derrota dos gregos na Batalha de Queroneia, frente o exército macedônio de Filipe II (338 a. C.). No ápice da era clássica da Grécia, Péricles foi um estratego, político e orador ateniense que soube rodear-se das personalidades mais destacadas da época, homens que sobressaíam na política, filosofia, arquitetura, escultura, história e estratégia. Fomentou as artes e as letras e deu a Atenas um esplendor que não se voltaria a repetir ao longo da História. Realizou também grandes obras públicas e melhorou a qualidade de vida dos cidadãos. Por isso é que importante figura legou o seu nome ao "século de ouro ateniense", o apogeu da Grécia Antiga. Em seu governo, Pireu, o porto que servia à Atenas, foi melhorado e seu movimento tornou-se o maior de toda Grécia, além disso, ampliou a esquadra com construção de grandes navios, visando a defesa da cidade. Ilustres homens atenienses perpetuaram seus nomes durante o poderio de Péricles; entre eles, podemos destacar Sócrates, o primeiro grande filósofo, e Heródoto, o pioneiro entre os historiadores. Péricles ficou vastamente conhecido por basear sua carreira política e social nos elementos primordiais do que surgia como Paidéia; pois além de conhecer significativamente os preceitos de  política, filosofia, arquitetura, escultura, história e estratégia, fixou sua autoridade e estabelecendo-se com sua persuasão por meio da retórica, algo que os próprios atenienses consideravam como arte.
CAPÍTULO II
1  Os grandes filósofos e a educação formal
Durante o apogeu ateniense, o saber filosófico ganhou altos patamares e solidificou-se como a fonte de maior credibilidade e detentora de novos adeptos em todo território grego. As palestras na ágora grega, debates em assembleias e conselhos políticos de Atenas passaram a ser tratados como uma nova vertente do ensino, isto é, os filósofos obtiveram a graduação de mestres, pois manipulavam e transmitiam os ensinamentos. Assim, nascia a educação formal, elaborada pelas poderosas famílias para a manutenção do domínio sócio-econômico sobre as demais classes. Dentre  as célebres figuras atuantes no contexto histórico e social da Paideia, serão destacadas três personalidades e uma polêmica corrente filosófica.
1.1 A escola sofista
Os sofistas se compunham de grupos de mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições públicas discursos para atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação. O foco central de seus ensinamentos concentrava-se no logos ou discurso, com foco em estratégias de argumentação. Os mestres sofistas alegavam que podiam "melhorar" seus discípulos, ou, em outras palavras, que a ''virtude'' seria passível de ser ensinada. Eles foram os primeiros advogados do mundo, ao cobrar de seus clientes para efetuar suas defesas, dada sua alta capacidade de argumentação. São também considerados por muitos os guardiões da democracia na antiguidade, na medida em aceitavam a relatividade da verdade.
O termo que nomeia a referida corrente filósofica não significa puramente uma concepção de falsidade, conforme nos reportamos hoje à palavra sofisma; a definição não deixa de ser a origem da ideia que nos remete à mentira, mas ela está ligada mais linearmente à persuasão, poder de convencimento, ou seja, ao resultado e alcance da retórica e da oratória. Os sofistas são os primeiros a romperem com a busca pré-socrática por uma unidade originária (a  physis), iniciada com Tales de Mileto e finalizada em Demócrito de Abdera, que embora tenha falecido pouco tempo depois de Sócrates, tem seu pensamento inserido dentro da filosofia pré-socrática. A principal doutrina sofística pode ser expressa pela máxima de Protágoras: "O homem é a medida de todas as coisas". Tal máxima expressa o sentido de que não é o ser humano quem tem de se moldar a padrões externos a si, que sejam impostos por qualquer coisa que não seja o próprio ser humano, e sim o próprio ser humano deve moldar-se segundo a sua liberdade.

1.2 Sócrates: a ironia e o parto das ideias
Nascido e criado em Atenas, Sócrates foi um dos mais importantes expoentes e um dos fundadores da Filosofia Ocidental. As fontes mais importantes sobre ele emanam de Platão, Xenofonte e Aristóteles, existindo, inclusive, historiadores que defendam a teoria de que o filósofo seria um personagem platônico, pois não foi localizado nenhum registro escrito do próprio Sócrates. Os diálogos de Platão o retratam como mestre que se recusava a ter discípulos, e um homem piedoso que foi executado por impiedade. Sócrates não valorizava os prazeres dos sentidos, mas se escalava o belo entre as maiores virtudes, junto ao bom e ao justo. Por meio deu método dotado de ironia, criou o chamado parto das idéias, ou Maiêutica (que possui o mesmo significado de obstetrícia, e está vinculada aos elementos da reprodução da mulher), pela qual seu nome se destacaria historicamente.
 método socrático consiste numa prática muito famosa em que o filósofo, utilizando um discurso caracterizado pela Maiêutica, isto é, levar ou induzir uma pessoa, por ela própria e por seu próprio raciocínio, ao conhecimento ou à solução de sua dúvida e, pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em contradição, conduzindo-o à conclusão de que o seu conhecimento possui severas limitações. A abordagem educativa de Sócrates, o grande filósofo grego do século V a.C., tem como objetivos a geração e validação de idéias e conceitos baseada em perguntas, respostas e mais perguntas. Segundo Kiekegaard (1991), a assim chamada Maiêutica é o método que consiste em parir idéias complexas a partir de perguntas simples e articuladas dentro de um contexto.
1.3 A Academia de Platão
O ateniense Platão foi um filósofo e matemático do período clássico grego, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da famigerada Academia de Atenas, considerada a primeira instituição de ensino superior do Mundo Ocidental. Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu discípulo, Aristóteles, Platão construiu os alicerces da filosofia natural e ocidental, e da ciência. Crê-se que seu nome verdadeiro seria Arístocles, e Platão era um apelido que fazia referência ao porte atlético ou os ombros largos, ou talvez ainda a sua imensa capacidade intelectual de abordar diferentes temas, como ética, política, metafísica e teoria do conhecimento.
A Academia de Platão foi fundada em, aproximadamente, 387 a.C., nos jardins localizados no subúrbio de Atenas, consagrados à deusa Atena, e tradicionalmente haviam pertencido ao herói Academo. Caracterizada, inicialmente, pela continuidade dos trabalhos desenvolvidos pelos pitagóricos, com os quais Platão mantinha estreita relação; especialmente com seu mestre Teodoro de Cirene e Arquitas de Tarento, é reconhecida como a primeira escola de filosofia que existe. Nela, mulheres eram admitidas na condição de se vestirem como homens. Sem dúvida, o grande aluno da Academia foi Aristóteles, que ingressou aos 17 anos de idade.
Segundo Château (1978), o pupilo de Sócrates primava pelo ensinamento dialético, onde o saber era encontrado mediante um processo cíclico e individual, ou seja, pela busca através dos constantes questionamentos. Sua escola rivalizava, assim, com sua contemporânea, a de Isócrates, na qual o conhecimento consistia meramente na assimilação daquele saber que já havia sido produzido, algo comum nas escolas atuais.
O termo "Academia" ganhou, desde então e até os dias atuais, a concepção de local onde o saber não apenas é ensinado, mas produzido, no qual o saber é questionado, transformado e evolui.
1.4 A Educação Aristotélica

Considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos, Aristóteles iniciou sua vida estudantil ao partir de sua terra natal, Estagira, na Calcídia, para Atenas, maior centro intelectual e artístico da Antiga Grécia.
Após seu desenvolvimento enquanto membro da Academia Platônica, Aristóteles prestou contribuições básicas em diversas áreas do conhecimento humano, destacando-se: ética, política, física, metafísica, lógica, psicologia, poesia, retórica, zoologia, biologia e história natural. É também considerado por muitos o filósofo que mais influenciou o pensamento ocidental, além de criar termos que passaram para quase todas as línguas modernas, como: atualidade, axioma, categoria, energia, essência, potencial, potência, tópico, virtualidade, entre outros. A influência aristotélica também pode ser percebida em obras sobre astronomia, como a famosa "A Divina Comédia", de Dante Alighieri, que baseia-se em Aristóteles e seus comentadores.
De acordo com Faria (1994), para Aristóteles, a educação é superior às leis e o círculo da ciência do humano se encerra na educação. Ela deve ser pública e  direcionada para a virtude, que demanda em boa parte da educação, da experiência e do tempo. Para Aristóteles, é praticando as virtudes que nos tornamos virtuosos. Tornamo-nos virtuosos não por sabermos o que é a justiça, mas por a praticarmos. E tanto mais justos seremos quanto mais a justiça praticamos. Não é a discussão ou visão filosófica que conduz por si a virtude, mas a prática da mesma; diz o filósofo que, como nenhum doente se cura por concordar com o seu médico sem lhe cumprir as receitas prescritas, assim é com a virtude. Não são os mais fortes que ganham, mas os que competem, ou seja, os que praticam. Aristóteles lembra ainda que a Política deve preparar as leis que permita a educação para a virtude, caminho para a felicidade dos cidadãos.
A escola criada por Aristóteles, em 335 a.C., ficou conhecida como Liceu. Estava sediada no bosque consagrado a Apolo Lykeios, provavelmente a origem do nome de sua escola, a leste de Atenas. Foi também conhecida por Peripatos, ou escola peripatética. Os discursos feitos pelo mestre de Alexandre Magno eram divididos entre os esotéricos, feitos pela manhã, e os exotéricos, estes pela tarde. Enquanto aqueles eram direcionados a um público mais restrito já que exigiam estudos mais avançados - lógica, física e metafísica - os exotéricos eram destinados a um público em geral, e diziam respeito a temas mais acessíveis, como retórica, política e literatura.
2 A formação integral
Uma vez analisados detalhadamente os elementos que compunham a ideologia e o saber na educação em Atenas, veremos a seguir a primeira estrutura educacional formal de que se tem notícia: a Paidéia grega. Como observamos anteriormente, filósofos e outras personalidades intelectuais da Grécia Antiga tiveram crucial influência na formação do cidadão ateniense, contudo, iremos agora nos atentar para a organização da escola, seu funcionamento e finalidade.
2.1 A estrutura da Paidéia
A ênfase dada à formação integral deu origem a um conceito de complexa definição, ou seja, à Paidéia, palavra provavelmente cunhada em torno do século V a.C., e que representava um ideal de formação constante no mundo grego. A prinicípio, a Paidéia estava ligada somente à educação dos meninos, mas com o tempo, passou adqurir nuanças que tornaram de impossível tradução (ARANHA, 2008). Sobre a referida educação, vemos a seguinte citação:
Não se pode evitar o emprego de expressões modernas como civilização, cultura, tradição, literatura ou educação; nenhuma delas, porém, coincide realmente com o que os gregos entendiam por Paidéia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global e, para abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá-los todos de uma só vez. (JAEGER, p. 1, 1966).
Segundo o historiador grego Tucídides (século V a.C.), Atenas foi a "escola de toda a Grécia". A concepção ateniense de Estado fez surgir a figura do cidadão da polis. Juntamente aos cuidados com a educação física, destacava-se a formação intelectual, para que melhor se pudesse participar dos destinos da cidade e os debates nas assembleias. Com a ascensão dos comerciantes, em oposição à aristocracia, vigente à época, uma alternativa de poder trouxe consigo uma nova educação. Nela, a criança - sempre do sexo masculino -  ingressava aos 7 anos e, desprendendo-se da figura materna, era iniciado na alfabetização, e nas educações física e musical (ARANHA, 2008).
Um escravo acompanhava o desenvolvimento do menino, e era conhecido como pedagogo: do grego paidagogos, e significa "aquele que conduz". O aluno era levado à palestra, local onde praticava exercícios físicos sob a orientação de um instrutor, denominado pedótriba. Lá, aprendia o pentatlo, que concebia cinco modalidades, como corrida, salto, lançamento de disco e dardo, além da luta. Os ensinamentos físicos ocorriam em conjunto com uma profunda orientação mental, moral e estética, bem como o aprendizado do domínio sobre o corpo.
A música, ou "arte das musas", abrangia toda concepção de educação artística , sendo que os jovens bem-educados aprendiam a tocar instrumentos como lira, cítara, flauta, entre outros; além disso, havia ensino de canto, declamação de poesias - que eram acompanhadas de instrumentos musicais - e dança.
A leitura e a escrita, por muito tempo, estavam aquém da atenção dada aos esportes e às práticas musicais, sendo o mestre de letras um sujeito humilde, sem prestígio e vigor físico. Mas com o passar do tempo, a exigência de uma maior formação intectual e a amplitude de figuras como Sócrates, Platão e Aristóteles, surgiram, enfim, três níveis estabelecidos de educação: mentar, secundária e superior.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com as esplanações a cerca da educação em Atenas, foram definidos alguns objetivos a serem alcançados pela leitura e reflexão a cerca do trabalho. O primeiro, consiste em reconhecer os aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais da mais avançada polis grega por meio da apresentação de seu contexto histórico e da evolução intelectual durante o período clássico, época em que a região atinge seu ápice e, ao seu fim, encontra sua decadência com o início do período helenístico no domínio avassalador de Alexandre, o Grande.
Obtendo significativo conhecimento do momento histórico ateniense, partimos para uma segunda meta: descorrer sobre os diversos métodos de educação existentes à época.
Desde o conceito de Paidéia até a teoria da virtude aristotélica, verificamos que o pensamento grego estabeleceu uma concepção mais ampla e completa sobre o ensino; sem deixar de manter o ''corpo são'', os atenienses se distinguiram das outras polis, sobretudo do militarismo de Esparta, e investiram na intelectualidade, no saber elaborado e no ''ócio digno'' para exercício da reflexão, salientando a importância de ter a ''mente sã''. A educação grega, sobretudo em seu centro, Atenas, influenciou o mundo oriental, mas foi no Ocidente que atingiu uma expansão homérica, tornando-se a base sólida para a constituição de variadas áreas do conhecimento humano na atualidade. Democracia, filosofia e inúmeras ciências naturais, exatas e sociais são exemplos do que nasceu dos ensinamentos moldados na Grécia Antiga, além de outras criações históricas, que apesar de consideradas originais, como o Direito Romano, apresentam pontos centrais da sabedoria helênica.
Por tudo já observado, a conclusão é que a cultura grega é, provavelmente, a mais influente e determinante para o surgimento de outras culturas e outros saberes em toda a história da humanidade, visto que suas ideologias fazem a manutenção de patamares dificilmente atingíveis pelo conhecimento atual, devido à profundidade dos métodos de pesquisa e debate, bem como o exercício dessas ideias, ainda que próximas da utopia. Enfim, estipula-se como terceiro objetivo do trabalho sugestionar uma constante e incessante reflexão sobre a eficiência e alcance da educação ateniense no mundo do século XXI, isto é, exercitar o aperfeiçoamento educacional por sua análise e discussão antes da mudança prática, algo que conhecemos como a melhor definição de Pedagogia.
REFERÊNCIAS
ARANHA, M. L. de A. História da Educação e da Pedagogia: Geral e Brasil. 3 ed. São
Paulo: Moderna, 2008.
CHÂTEAU, Jean. Os grandes pedagogistas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1978.
FARIA, Maria do Carmo Bettencourt de. Aristóteles. A plenitude como horizonte do ser. São Paulo: Moderna, 1994.
JAEGER, Werner Wilhelm. Paideia: A formação do homem grego. São Paulo: Herder, 1966.
KIERKEGAARD, S.A. O conceito de ironia: Constantemente referido a Sócrates. Petrópolis: Vozes, 1991.
LARSEN, S. Imaginação mítica: a busca de significado através da mitologia pessoal. Waltensir D. (trad.). Rio de Janeiro: Campus, 1991.
MIGLIAVACCA, E. M. Jogo de opostos: uma aproximação à realidade mental através do mito de Dionísio. Psicol. USP, São Paulo, v. 10, n. 1, 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?scripta=sci_arttext&pid=S0103-65641999000100015&Ing=pt&nrm=isso. Acesso em: 10 mar 2008.
Fonte:Autor: Rafael Botelho
Data: 13/04/2011
http://www.pedagogia.com.br/artigos/formacaohumana/index.php?pagina=0 



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